Naomi Klein põe um fim ao mito de que o mercado livre global triunfou democraticamente. Expondo o modo de pensar, o rasto do dinheiro e os fios de marioneta por detrás das crises e guerras mundiais das últimas quatro décadas, "A Doutrina do Choque" é a história absorvente de como as políticas de "mercado livre" da América têm vindo a dominar o mundo - através da exploração de povos e países em choque devido a inúmeros desastres. Na conjuntura mais caótica da guerra civil do Iraque, é apresentada uma nova lei que permitiria à Shell e à BP reclamar para si as vastas reservas petrolíferas do país... Imediatamente a seguir ao 11 de Setembro, a administração Bush concessiona, sem alarido, a gestão da "Guerra contra o Terror" à Halliburton e à Blackwater... Depois de um tsunami varrer as costas do sudeste asiático, as praias intocadas são leiloadas ao desbarato a resorts turísticos... Os residentes de Nova Orleães, espalhados pelo furacão Katrina, descobrem que as suas habitações sociais, os seus hospitais e as suas escolas jamais serão reabertas... Estes acontecimentos são exemplos da "doutrina de choque": o aproveitamento da desorientação pública no seguimento de enormes choques colectivos - guerras, ataques terroristas ou desastres naturais - para ganhar controlo impondo uma terapia de choque económica. Por vezes, quando os dois primeiros choques não são bem sucedidos em eliminar a resistência, é empregue um terceiro choque: o eléctrodo na cela da prisão ou a arma Taser nas ruas. Baseado em investigações históricas inovadoras e em quatro anos de relatos no terreno em zonas de desastre, "A Doutrina do Choque" mostra de forma vívida que o capitalismo de desastre - a rápida reorganização corporativa de sociedades que tentam recuperar do choque - não começou com o 11 de Setembro de 2001. O livro traça um percurso das suas origens que nos leva há cinquenta anos atrás, à Universidade de Chicago sob o domínio de Milton Friedman, que produziu muitos dos principais pensadores neoconservadores e neoliberais cuja influência, nos nossos dias, ainda é profunda em Washington. São estabelecidas novas e surpreendentes ligações entre a política económica, a guerra de "choque e pavor" e as experiências secretas financiadas pela CIA em electrochoques e privação sensorial na década de 1950, pesquisa essa que ajudou a escrever os manuais de tortura usados hoje na Baía de Guantanamo.
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Canadiana Naomi Klein vence
Prémio Warwick com “The Schock Doctrine”
25.02.2009 - 11h49 Lusa, PÚBLICO
A ensaísta canadiana Naomi Klein venceu, com “The Shock Doctrine”, a primeira edição do prémio da Universidade de Warwick de Escrita para obras de qualquer género literário em inglês ou traduzidas neste idioma.
O livro da ensaísta impôs-se aos dos outros cinco finalistas, entre os quais “El Mal de Montano” (“O Mal de Montano”, na tradução portuguesa da Teorema), do espanhol Enrique Vila-Matas. O prémio tem uma dotação de 50.000 libras (56.000 euros).
“The Shock Doctrine” foi descrito pela presidente do júri, a escritora China Miéville, como “uma investigação brilhante, provocadora e extraordinariamente bem escrita sobre um dos grandes escândalos da nossa época”.
A obra premiada, que tem como subtítulo “O auge do capitalismo do desastre”, defende a tese segundo a qual o mundo é vítima de uma ideologia que explora os desastres, as situações traumáticas e as crises colectivas para, após ter traumatizado os cidadãos, introduzir mudanças socioeconómicas radicais que apenas favorecem as multinacionais. De Naomi Klein está traduzida em Portugal “No Logo – O poder das marcas”, edição da Relógio d'Água.
Prémio cruza todas as disciplinas
Fizeram parte do primeiro júri do prémio Warwick (que será atribuído bienalmente) a jornalista Maya Jaggi, a romancista e tradutora Maureen Freely, o “blogger” britânico Stephen Mitchelmore e o professor de Matemática da Universidade de Warwick, Ian Stewart.
O Prémio Warwick de Escrita é “um novo prémio de literatura inovador que envolve uma competição global e cruza todas as disciplinas”, diz a instituição no seu comunicado de anúncio do prémio.
A Universidade de Warwick refere ainda que é uma das universidades do país “líder em investigação”, classificada “consistentemente” entre as dez primeiras em todas as tabelas produzidas pelos jornais nacionais do Reino Unido e classificada em sétimo no ano passado em qualidade de investigação pelo Funding Councils' Research Assessment Exercise.