“THE BEST WAY TO PREDICT THE FUTURE IS TO DESIGN IT”
Buckminster Fuller |1895-1983
(http://en.wikipedia.org/wiki/Buckminster_Fuller)
Todos os recursos e capacidades, cobertos pelos inúmeros territórios da polissémica actividade do design, deveriam dar o seu melhor, nestes tempos onde o tempo se torna cada vez mais escasso, para construir um futuro viável para humanidade nesta nave espacial Terra que tão descuidada e efemeramente ocupamos.
Muito mais do que buscar um propósito apenas centrado na conformação do significado cultural dos artefactos, muitas vezes construído em torno da exclusividade e da novidade a qualquer preço; indiferente ao contexto sócio económico em que vive mais de metade da população do planeta (com um rendimento diário inferior a 2$) o design deve urgentemente reafirmar a sua capacidade de se articular com todas as outras valências do projecto para, em cooperação, construir uma nova postura operativa, garantindo a salvaguarda de valores de equidade e
sustentabilidade da espécie humana e para além dela, do planeta.
A escassez de recursos naturais, que lança a economia mundial e o preço de bens essenciais, em cíclicas e frenéticas espirais de especulação é agora cada vez mais um cenário incontornável, impossível de ignorar, e no qual a crise financeira generalizada do fim de 2008 veio patentear a inquietante fragilidade da regulação apenas baseada no equilíbrio do sistema finaceiro.
QUANDO LHE PERGUNTARAM: “PRETENDE DETER O PROGRESSO” HOWARD RHEINGOLD CRÍTICO DA TECNOLOGIA REPLICOU: “O PROGRESSO PARA ONDE?”
(http://en.wikipedia.org/wiki/Howard_Rheingold)
O design, conformador de argumentos e gerador de emoções e significados tem de ser capaz de se colocar claramente ao serviço das pessoas, e não, como até agora, do consumo, promovendo uma vivencia renovada em maior sintonia com os recursos e o meio, difundindo e valorizando uma apropriação renovada dos valores da racionalidade e do engenho.
É necessário pensar em “menos impacto ambiental” em muitas frentes: nos materiais utilizados, no processo de fabrico, e na energia realmente necessária a tudo o ciclo de vida do objecto, desde a sua origem à deposição, passando naturalmente pela utilização. É necessário que os bens sejam mais usados e mais partilhados. É necessário que o balaço custo energético/dividendos seja muito
mais ponderado e optimizado.
Se nas sociedades da abundância o novo Design é fundamental para construir o imperativo de minimizar o desperdício; por exemplo deixando de submeter a racionalidade térmica dos edifícios a modas formais em arquitectura (fala-se disto há 30 anos e tão pouca atenção se continua a dar ao assunto!), nos cenários de grande carência o engenho do Design terá de encontrar soluções imaginativas para levar produtos e serviços às populações que as ajudem a construir uma melhoria verdadeira na sua qualidade de vida e não apenas a aumentar o consumo de bens, a prazo, destruidor daquela.
“SIMPLICITY IS THE ULTIMATE SOPHISTICATION”
Leonardo da Vinci
(http://en.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci)
A busca da essência das coisas e dos sentimentos está há muito arredada da cultura ocidental. Uma leitura enviesada das virtudes da técnica (e do inovador de uma forma geral) conduziu toda a máquina produtiva e cultural no sentido da complexidade crescente, muitas vezes sem se questionar da razoabilidade dessa opção.
Os mais simples objectos do nosso dia a dia viram-se dotados de capacidades e funções a maior parte das quais são completamente inúteis (ou visam apenas a obtenção de vantagens num perverso sistema de influencia mais ou menos subliminar do consumidor) que os transformam em vorazes consumidores de energia e candidatos a uma rápida obsolescência e a uma duvidosa fiabilidade.
Um dispositivo eléctrico movido a células foto voltaicas para mexer o café não é mais ecológico do que um movido a pilhas! Não, ambos são totalmente absurdos, irresponsáveis e ambientalmente criminosos. Par mexer o café o ideal é uma colher reutilizável. Provavelmente durará uns séculos, pode ser reciclada, não gasta qualquer energia. Se alguém é capaz de beber um café também é capaz de o mexer com uma colher! E já agora; já pensou em usar menos açúcar?
“HUMANS DO NOT SEE AND ACT ON THE PHYSICAL QUALITIES OF THINGS, BUT ON WHAT THEY MEAN TO THEM”
Klaus Krippendorf;The Semantic Turn, a new foundation for design
(http://www.asc.upenn.edu/usr/krippendorff/)
Ao criar significado inteligível e como tal fruível aos objectos, o design, permite uma diferente apropriação destes através de valores afectivos e simbólicos. À luz desta enorme capacidade, a reformulação da relação do homem com a energia que consome necessita de ser reinventada em novos moldes baseada em artefactos menos dependentes desta, mas porventura de maior significado, consumindo menos e a partir de fontes mais sustentáveis.
Para essa reinvenção uma nova hierarquia de valores (humanos e tecnológicos) é fundamental, articulada com a capacidade de questionar verdadeiramente os modelos e pressupostos geralmente aceites como inquestionáveis.
A semiótica dos artefactos e toda a base cultural do design devem ser ferramentas fundamentais para reencontrar uma relação reconstruída com os artefactos que cada vez mais se terão de assumir sobretudo como “meios” “ferramentas” para ajudar o homem a sobreviver, face a condições cada vez de maior escassez, e cada vez menos como mitificados “objectos” anipuladores cuja simples posse é por si só uma suficiente razão de existirem e de existirmos.
“AFFORDABILITY ISN'T EVERYTHING, IT'S THE ONLY THING”
Paul Polak
(http://en.wikipedia.org/wiki/Paul_Polak)
A maior parte da humanidade vive com menos de dois dólares por dia, e este número está a crescer em muitas zonas do globo. Neste contexto qual é o significado de muitas das inovações que a técnica moderna nos propõe? Uma factura energética crescente para um número cada vez menor de pessoas? Será possível manter essa via? Será simplesmente eticamente responsável tentar essa via?
Urge uma distribuição mais equilibrada do bem estar para a globalidade dos povos e a energia é um bem de primeira necessidade, para a alimentação para o aquecimento, para a saúde.
A globalização fez-se apenas nos mercados e não nas condições de vida das pessoas.
É neste campo que o design pode dar importantes contributos se for capaz de assumir como “caderno de encargos” uma nova agenda baseada numa visão menos egocêntrica e mais consciente do panorama real dos recursos e das condições de vida das pessoas.
A tecnologia hoje em dia disponível deve ser cuidadosamente ponderada. A emergência de novos quadros de obtenção de soluções como a valorização da tecnologia apropriada é fundamental.
Desactivação do deste blog
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Há 12 anos